Atendimento Odontológico Diferenciado  em Pacientes Nefropatas

Atendimento Odontológico Diferenciado em Pacientes Nefropatas

Artigos - 15/02/2012

O aumento do número de pacientes portadores de nefropatias ou mais especificamente de Insuficiência Renal Crônica (IRC), tem despertado interesse dos profissionais de saúde, em especial o cirurgião–dentista, já que esses pacientes necessitam de estratégias especiais no tratamento odontológico.

A insuficiência Renal Crônica (IRC) é causada pela perda progressiva da função dos néfrons, resultando na perda de funcionamento renal e no acúmulo de restos metabólicos. Evidências clínicas podem não ser observadas até que 75% dos néfrons sejam acometidos.

Inicialmente a insuficiência Renal Crônica apresenta-se assintomática, podendo ser diagnosticada por meio de exames laboratoriais através do aumento sérico de uréia, de creatinina, de ácido úrico e de fósforo. E, associada a IRC estão alterações sistêmicas como Hipertensão Arterial, Acidose Metabólica, alterações plaquetárias em decorrência do uso de anti-plaquetários durante as sessões de hemodiálise, e outras.

Na área de transplantes de rim, os avanços registrados são notáveis. Em 1997, o SUS realizou 1.502 transplantes renais. Esse número salta para 2.528 transplantes, em 2002, avanço de 68%. Isso coloca o Brasil, hoje, em segundo lugar em transplantes de rim no mundo. Os recursos para transplantes também cresceram muito: de R$ 18,7 milhões, em 97, para R$ 43,9 milhões em 2002, crescimento de 134%.

Lançamento, este mês, do Programa Nacional de Assistência aos Portadores de Doenças Renais, que cria Centros de Referência em Nefrologia. Também foram estabelecidos mecanismos para a implantação de Redes Estaduais de Assistência em Nefrologia. Este Programa propicia o incremento das ações desenvolvidas na prevenção, diagnóstico precoce, tratamento, acompanhamento e, quando indicado, o transplante renal.

Esses pacientes podem apresentar alterações bucais como hálito cetônico (ao acordar), xerostomia (boca seca), estomatite, gengivite, mobilidade dentária e outras. Dessa forma, é de fundamental importância que o profissional de Odontologia conheça o paciente nefropata, para então proporcioná-lo um trans e pós-atendimento odontológico sem complicações e conseqüentemente colaborar para a qualidade de vida desses pacientes.
Bianchini (2002) realizou um estudo nas cidades de Campinas e Piracicaba, do total de 160 pacientes avaliados a doença de mais freqüente foi à hipertensão (49,4%). E, ao avaliar as condições bucais de pessoas em hemodiálise, mostrou um CPOD elevado em todas as faixas etárias. Os componentes cariado e obturado pouco participaram destes valores, cabendo ao componente extraído a maior contribuição para os elevados valores encontrados para o CPOD desta população.

Sabendo disso, é necessário seguir um protocolo de atendimento odontológico para com esses pacientes, a fim de que estes tenham sua saúde geral resguardada de infecções odontológicas.

Dessa forma, segue-se abaixo uma possível proposta de atendimento odontológico ao paciente nefropata:

• Educação e motivação para a saúde: Primeiramente, é necessário que esse paciente seja orientado quanto a manutenção de sua saúde bucal, por meio de escovação, uso de fio dental, aplicação de flúor, cuidados com a ingestão de açúcar, para que assim fique longe de infecções que por ventura venham a inviabilizar a realização do transplante renal.

• Anamnese: durante a anamnese, deve-se obter um histórico detalhado da IRC, de possíveis alterações sistêmicas associadas e uso de medicamentos.

• Biossegurança: A equipe odontológica de vê estar devidamente paramentada, com óculos de proteção, luvas, mascar, gorro e jaleco, para se proteger de possíveis infecções, durante as consultas odontológicas. As consultas devem ser marcadas para dias alternados as sessões de hemodiálise, para que assim o efeito da heparina utilizada durante a hemodiálise termine e também para que o paciente esteja se sentindo melhor.

• Planejamento do Tratamento: Caso seja necessária uma intervenção odontológica mais invasiva, a solicitação de exames complementares é imprescindível, pois é importante verificar o tempo de protrombina, tempo de coagulação e de sangramento, para a partir daí analisar um possível risco de hemorragia. Assim, como em casos de possibilidade de risco de bacteremia é necessário fazer o uso de antibioticoterapia profilática de acordo com o protocolo da American Heart Association (AHA) para prevenir endocardite infecciosa, obedecendo um intervalo de 10 dias da utilização de antibiótico profilático para fins de evitar a resistência bacteriana. Na hora da escolha do antibiótico, devem ser evitadas drogas que são metabolizadas primariamente pelos rins, pois assim não se estará depreciando a função renal.

Cabe ao profissional de Odontologia estar capacitado para saber reconhecer e cuidar de um paciente nefropata, pois devido a incansáveis sessões de hemodiálise estes pacientes tornam-se vulneráveis e merecem receber atendimento odontológico diferenciado a fim de minimizar os transtornos psico-emocionais ocasionados pela insuficiência renal crônica, melhorando assim sua saúde geral, promovendo a inclusão social e qualidade de vida destes indivíduos e a sua inclusão social.