Radiografia da boca pode identificar sinais de osteoporose

Radiografia da boca pode identificar sinais de osteoporose

Artigos - 14/04/2015

Um método auxiliar para diagnosticar osteoporose foi comprovada pelo cirurgião-dentista André Leite. O novo método poderá gerar uma significativa economia para o Sistema Único de Saúde, que hoje faz esse diagnóstico por meio do exame de densiometria óssea. A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado Correlação entre os índices radiomorfométricos de radiografias panorâmicas e a densidade mineral óssea em mulheres na pós-menopausa, defendida por ele na Universidade de Brasília (UnB), sob orientação da professora Ana Patrícia de Paula, da Reumatologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB).

 

O pesquisador investigou formas de identificar a doença por meio de radiografias tiradas da boca dos pacientes. Segundo André Leite, por meio de uma análise odontológica, um cirurgião-dentista é capaz de indicar um paciente para a avaliação médica antes que ele caia, frature o osso e seja internado.

 

Leite avaliou 351 mulheres na pós-menopausa - principal grupo de risco para a osteoporose - e comparou o resultado dos exames de densitometria óssea, com os aspectos das radiografias panorâmicas analisadas. Ele percebeu que, por meio de uma avaliação visual do desgaste da mandíbula, um osso da face, é possível dizer se o paciente possui osteoporose ou baixa massa óssea.

 

 

Pacientes com a parte cortical da mandíbula fina têm 15 vezes mais chances de desenvolver osteoporose do que aqueles que apresentam a espessura normal", explica Leite. Ele explica que isso acontece porque a osteoporose é sistêmica, afeta todos os ossos do esqueleto, que se desgastam igualmente.

 

Os critérios de avaliação, segundo o cirurgião-dentista, são visuais. "Nas radiografias da boca, você pode ver claramente se o osso cortical (inferior e posterior) aparece desgastado. Se estiver, é sinal que a densidade óssea baixou. A reabsorção é característica da perda óssea", explica Leite.

 

Para comprovar sua tese, André Leite fez comparações das radiografia panorâmica da boca com a densiometria óssea da coluna vertebral, na região da

lombar, e do fêmur. Ele fez a comparação com a radiografia dessas regiões porque é onde ocorre a maioria das fraturas resultantes de osteoporose.

 

Triagem

A radiografia panorâmica é um exame simples, usado para avaliar dentes e ossos da face de uma só vez. Segundo o pesquisador, este é um bom procedimento de triagem em Odontologia, pois serve para identificar a presença de restaurações, quantidade de dentes, se há processos infecciosos ou lesões de cárie.

"Ele dá uma visão ampla para a condição da saúde bucal", explica leite. E tem uma grande vantagem: a radiografia panorâmica custa apenas R$ 9, enquanto a densitometria óssea não sai por menos de R$ 55 no Sistema Único de Saúde (SUS). "Agora, com a radiografia panorâmica, é possível priorizar os pacientes que precisam fazer a densitometria óssea", destaca o pesquisador. Como a radiografia da boca é um exame básico, de rotina, seu uso para diagnosticar a doença pode auxiliar no diagnóstico precoce da osteoporose. Essa prática vem sendo adotada na Clínica Odontológica do Hospital Universitário de Brasília (HUB).

 

Tratamento tem custo elevado

Um dos grandes benefícios apresentados pela radiografia panorâmica é proporcionar o diagnóstico da osteoporose antes da ocorrência de fraturas. "Essa é uma doença silenciosa, que só se manifesta depois que acontecem as fraturas. As pessoas que têm osteoporose só procuram o serviço médico depois de quebrar um osso, como o do quadril ou da coluna vertebral. Aí já é tarde, porque o custo para o SUS é muito maior", lamenta o pesquisador.

 

Segundo o cirurgião-dentista, as mulheres em pós-menopausa não necessitam fazer exame para detecção da osteoporose com regularidade. "O exame periódico é recomendado apenas para aquelas pacientes que têm algum fator de risco, como histórico familiar ou nutrição deficiente", esclarece.

 

André Leite conta que tem sido procurado por radiologistas, que buscam saber como é feita a análise da perda óssea na radiografia panorâmica da boca. Ele revela que tem divulgado o método de a análise em eventos científicos. "É muito simples, basta uma aula", resume o pesquisador, que já deu aulas sobre o método no Congresso Brasileiro de Osteoporose, em setembro passado e fará o mesmo em um congresso, este ano, no Canadá.

 

Ele tem divulgado a forma de fazer a análise em eventos científicos. "É muito simples, basta uma aula", resume André. Já fez isso no Congresso Brasileiro de Osteoporose, em setembro vai fazer o mesmo no Canadá.

 

A osteoporose é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Ela tem um grande impacto na população, pois o custo gerado por seu tratamento é muito alto. Leite lembra que um estudo feito recentemente na China avaliou 3,8 mil pacientes e descobriu que, a cada 15 pessoas internadas com fratura de quadril, uma morre no primeiro ano. E, dos pacientes avaliados, 30,8% morreram no segundo ano após a fratura. Essa é, portanto, uma doença de alta mortalidade e morbidade, pois, os doentes que não morrem, podem ficar incapacitados.

 

? Serviço

Mais informações: André Ferreira Leite (Hospital Universitário de Brasília/UnB) -telefone 3448-5263 e e-mail andreleite@unb.br