Por que temos um lado do rosto diferente do outro?

Por que temos um lado do rosto diferente do outro?

Artigos - 17/05/2019

A face é constituída por muitas estruturas anatômicas diferentes, como ossos e músculos, que são submetidas a diversos tipos de função, como mastigação, fala e respiração. Um dado bastante interessante sobre a população mundial é que todas as pessoas têm o rosto assimétrico, ou seja, um lado é diferente do outro, em maior ou menor grau.

Os desequilíbrios faciais costumam ser mais evidentes no terço inferior do rosto, de acordo com Michelle Santos Vianna, professora do curso de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

“Nessa região temos a mandíbula, o único osso móvel do crânio, e que sofre influência dos músculos mastigatórios e da própria relação entre os dentes superiores e inferiores. A hipertrofia (aumento de tamanho) do principal músculo da mastigação que se fixa na mandíbula, por exemplo, altera o contorno facial na região do ângulo da mandíbula, e pode gerar desconforto e queixa estética para muitos pacientes. Traumas, fraturas, tumores, lesão do nervo facial, problemas na articulação temporomandibular (ATM), fissuras de lábio e palato, hábito de mastigar apenas de um dos lados e até mesmo o fato de se dormir, em geral, do mesmo lado, são algumas das condições adquiridas que poderão estar associadas aos desequilíbrios faciais”, explica.

Ao longo da vida são diversos os fatores que contribuem para a assimetria do rosto, mas que dificilmente podem ser corrigidos naturalmente, sem fazer uso de terapias específicas.

O uso da toxina botulínica, o botox, nesses casos, como método alternativo de tratamento, diminuindo a atividade muscular e volume do músculo, melhorando visivelmente o contorno facial, além de contribuir para a manutenção da integridade dos dentes, que podem sofrer desgastes e fraturas em função da hiperatividade muscular”, alerta a dentista Michelle.

A assimetria facial, no entanto, vai além da funcionalidade e pode afetar a autoestima das pessoas, “a sociedade dá muita ênfase à importância da estética facial, que está ainda relacionada com a simetria do rosto. Várias pesquisas já mostraram que pequenas assimetrias faciais e dentárias são normais e aceitáveis”, comenta o ortodontista Alexandre Moro.

“Por exemplo, se uma criança tem mordida cruzada, isso já pode ser corrigido a partir dos quatro anos de idade. Se o tratamento for realizado somente após os 12, o que seria simples de resolver durante a infância pode se tornar um tratamento muito mais complexo. Aquele osso que cresceu torto, talvez só possa ser corrigido com uma cirurgia”, completa.

Mas não há motivo para ficar preocupado com isso. “Na maioria das vezes as diferenças observadas entre um lado e outro da face são tão suaves e discretas que não afetam a estética ou a função, e muito menos são percebidas pelo portador da assimetria ou por pessoas que com ele convivem. Entretanto, quando essas pequenas assimetrias se tornam perceptíveis ao próprio paciente e passam a lhe incomodar, devemos considerar uma intervenção. As modalidades de intervenções irão depender do grau de assimetria apresentado”, conclui Michelle.

Fonte: Gazeta do Povo